sexta-feira, 13 de janeiro de 2012


Onça-pintada

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Como ler uma caixa taxonómicaOnça-pintada
Ocorrência: Pleistoceno - Recente
Onça-pintada
Onça-pintada
Estado de conservação
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Carnivora
Família: Felidae
Género: Panthera
Espécie: P. onca
Nome binomial
Panthera onca
(Linnaeus, 1758)
Distribuição geográfica
Jag distribution es.gif
Wikispecies
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A onça-pintada (Panthera onca), também conhecida como onça-verdadeira, jaguar, jaguaretê, canguçu ou onça-preta, é uma espécie de mamífero carnívoro da família Felidae encontrada nas Américas. É o terceiro maior felino do mundo, após o tigre e o leão, e o maior do continente americano. Ocorria nas regiões quentes e temperadas, desde o sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina, estando, hoje, porém, extinta em diversas partes dessa região. Nos Estados Unidos, por exemplo, está extinto desde o início do século XX.
Se assemelha ao leopardo fisicamente, se diferindo desse, porém, pelo padrão de manchas na pele e pelo tamanho maior. As características do seu comportamento e do seu habitat são mais próximas às do tigre. Seu habitat preferido é a densa floresta tropical, sendo também encontrado em terrenos abertos.
A onça-pintada está fortemente associada com a presença de água e é notável, juntamente com o tigre, como um felino que gosta de nadar. É, geralmente, solitária. É um importante predador, desempenhando um papel na estabilização dos ecossistemas e na regulação das populações de espécies de presas. Tem uma mordida excepcionalmente poderosa, mesmo em relação aos outros felinos. Isso permite que ela fure a casca dura de répteis como a tartaruga e de utilizar um método de matar incomum: ela morde diretamente através do crânio da presa entre os ouvidos, uma mordida fatal no cérebro[carece de fontes?].
Está ameaçada de extinção e seu número está em queda. As ameaças à espécie incluem a perda e a fragmentação do seu habitat. Embora o comércio internacional de onças ou de suas partes esteja proibida, o felino ainda é frequentemente morto por seres humanos, particularmente em conflito com fazendeiros e agricultores.
A onça faz parte da mitologia de diversas culturas indígenas americanas, incluindo a dos maias, astecas e guarani. Na mitologia maia, apesar de ter sido cotada como um animal sagrado, era caçada em cerimônias de iniciação dos homens como guerreiros.

Índice

 [esconder

[editar] Etimologia

"Onça" origina-se do termo grego lygx, através do termo latino luncea e do termo italiano lonza[2]. "Pantera" origina-se do termo grego pánther, através do termo latino panthera[3]. "Jaguar" origina-se do termo tupi îagûara[4]. "Jaguaretê" origina-se da língua tupi, significando "onça verdadeira", através da junção de îagûara ("onça") e eté ("verdadeiro")[5]. "Canguçu" origina-se do termo tupi akãgu'su, que significa "cabeça grande"[6], através da junção de akanga ("cabeça")[7] e usu ("grande")[8].

[editar] Taxonomia

[editar] Distribuição Geográfica e Habitat

Historicamente, a distribuição da onça-pintada se estendia do sudoeste dos Estados Unidos até Argentina, na província de Río Negro.[1] Ocorria em todos os países continentais das Américas Central e do Sul, exceto pelo Chile. Diversos fatores causaram a extirpação da espécie de muitas áreas da distribuição original. Foi extinta em El Salvador e no Uruguai, e possui distribuição limitada no México, Guatemala e Argentina.[9] Nos Estados Unidos, ocorria nos estados da Califórnia, Arizona, Novo México, Texas e possivelmente Louisiana, com o limite norte do território chegando até o Grand Canyon.[10] Os últimos registros na Califórnia, Texas e Louisiana foram feitos no final dos anos de 1800 ou começo dos 1900. Entretanto, ainda persiste marginalmente à fronteira com o México, no sudeste do Arizona e sudoeste do Novo México.[10]
Mais da metade da população total se encontra no Brasil. No Brasil, os estados em que a onça-pintada existe são: Acre, Amazonas, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima, Rio Grande do Sul (Parque Estadual do Turvo, aproximadamente de quatro a seis exemplares), Santa Catarina, São Paulo e Tocantins.
A onça pode ser encontrada em vários tipos de habitat. Entre os principais, estão pastagens, florestas tropicais de planície e de montanha, arbustais, florestas decíduas temperadas, florestas de monção e secas e savanas tropicais.[11] Seu habitat preferencial são zonas florestais densas, sendo fortemente influenciada por regiões com corpos de água frequentadas por suas presas preferidas. Já foram encontradas em elevações de até 3 800 metros, mas, normalmente, evitam altas altitudes, não ocorrendo no planalto mexicano ou nas altas montanhas andinas, por exemplo.

[editar] Características

Ficha técnica[12]
Peso 90 - 120 kg (Machos)
60 - 90 kg (Fêmeas)
Comprimento
(média)
1,120 - 1.850 mm
Cauda
(média)
450 - 750 mm
Tamanho de ninhada 2 - 4
Gestação 93 - 105 dias
Desmame 3 meses
Maturidade sexual 3 - 4 anos (Machos)
2 anos (Fêmeas)
Longevidade (média) 12 - 15 anos
Um exame detalhado mostra que a padronagem de seu pelo apresenta diferenças significativas em relação à do leopardo. Este apresenta rosetas menores mas em maior quantidade, enquanto que as manchas da onça são mais dispersas e desenham uma roseta maior, algumas delas com pontos pretos no meio. O interior dessas manchas é de um dourado/amarelo mais escuro que o restante da pelagem.
Existem também alguns indivíduos melânicos, as chamadas onças-pretas. Elas não pertencem a uma outra espécie. Suas manchas ainda são facilmente reconhecíveis na pelagem escura. Trata-se de uma mutação genética na qual os indivíduos produzem mais melanina do que o normal, o que provoca um maior escurecimento da pelagem desses animais.
A cabeça da onça é proporcionalmente maior em relação ao corpo do que o leopardo. Um exemplar adulto alcança até 2,60 metros de comprimento, chegando a pesar em torno de 115 quilogramas, embora, em média, os machos pesem noventa quilogramas e as fêmeas, 75 quilogramas. A altura da cernelha é de, aproximadamente, setenta centímetros, sendo o maior felino das Américas.
A cabeça da onça é robusta e a mandíbula extremamente poderosa.
A onça-pintada é o maior mamífero carnívoro do Brasil e necessita de, pelo menos, dois quilogramas de alimento por dia, o que determina a ocupação de um território de 25 a oitenta quilômetros quadrados por cada indivíduo a fim de possibilitar capturar uma grande variedade de presas.
A onça seleciona naturalmente as presas mais fáceis de serem abatidas: em geral, indivíduos inexperientes, doentes ou mais velhos, o que pode resultar como benefício para a própria população de presas.
Apesar de ser tão temida, foge da presença humana e mesmo nas histórias mais antigas, são raros os casos de ataque ao ser humano.

[editar] Onça-preta

Um jaguar melanístico. Esta é uma metamorfose de cores que ocorre em cerca de seis por cento de frequência nas populações.

[editar] Ecologia e Comportamento

[editar] Dieta e Hábitos Alimentares

A onça-pintada é o único felino que é capaz de perfurar o casco de uma tartaruga[13].
A onça-pintada é uma excelente caçadora. As patas curtas não lhe permitem longas corridas, porém lhe proporcionam grande força, fundamental para dominar animais possantes como antas, capivaras, queixadas, tamanduás, jacarés etc. Ocasionalmente, esses felinos atacam e devoram grandes serpentes (jiboias e sucuris), em situações extremas. Na Venezuela, foram registrados casos de onças a devorar sucuris adultas. Enquanto os outros grandes felinos matam suas vítimas, mordendo-as no pescoço, a onça o faz atacando-as diretamente na cervical, graças a suas mandíbulas poderosas, as mais fortes de todos os felinos e a segunda mais forte entre os carnívoros terrestres. Esses felinos frequentemente matam animais como a capivara e pequenos macacos mordendo lhes o crânio, sendo o único felino a fazer isto. A mordida de uma onça pode facilmente atravessar o casco de uma tartaruga. Apesar disso, a onça não se furta em comer pequenos animais se a chance lhe aparece.

[editar] Reprodução

Onça fêmea pegando o seu filhote.
As onças-pintadas são solitárias e só buscam a companhia de um par durante a época de acasalamento. A gestação dura em média 100 dias e até quatro filhotes podem ser gerados.
Os machos atingem a maturidade sexual em torno dos três anos, e as fêmeas, com dois anos. Em cativeiro, as onças vivem até os vinte anos; já a expectativa de vida para as onças selvagens cai pela metade.
Na época reprodutiva, as onças perdem um pouco os seus hábitos individualistas e o casal demonstra certo apego, chegando inclusive a haver cooperação na caça. Normalmente, o macho separa-se da fêmea antes dos filhotes nascerem. Em geral nascem, no interior de uma toca, dois filhotes - inicialmente com os olhos fechados. Ao final de duas semanas abrem os olhos e só depois de dois meses saem da toca. Quando atingem de 1,5 a 2 anos, separam-se da reprodutora, tornando-se sexualmente maduros e podendo assim se reproduzirem.

[editar] Conservação

Atualmente, é classificada, pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais, como vulnerável, indicando que já pode ser considerada como ameaçada. O grande declínio do seu habitat no norte e a fragmentação nas outras regiões, contribuíram para o estado de ameaça iminente. Na década de 1960, houve uma diminuição significativa no número de indivíduos, pois anualmente mais de 15 000 peles foram exportadas ilegalmente da Amazônia Brasileira. A implementação da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção, em 1973, resultou numa forte queda do comércio de peles. Estudos detalhados realizados pela Wildlife Conservation Society mostraram que a espécie perdeu 37 por cento da sua distribuição histórica, e possui um status de conservação desconhecido em dezessete por cento do seu habitat atual. Mais encorajador, a probabilidade de sobrevivência a longo prazo é considerada alta em setenta por cento de seu habitat, notadamente nas regiões da Amazônia, do Gran Chaco e do Pantanal. As maiores ameaças ao jaguar são o desmatamento por todo seu habitat, a caça pela pele, a fragmentação dos habitat e o comportamento dos pecuaristas, que, frequentemente, caçam ou envenenam as onças-pintadas para tentar proteger o gado.

[editar] Aspectos Culturais

Guerreiro jaguar da cultura asteca.
Jaguar Moche (300 a.C.), no Museu Larco, em Lima, no Peru.
Na América Central e do Sul pré-colombiana, a onça foi um símbolo de poder e força. Na América Central, aparece na cultura de diversos povos, como os astecas, maias, olmecas, toltecas e zapotecas.[9] Entre as culturas andinas, o culto ao jaguar foi disseminado pela cultura Chavín e passou a ser aceito na maior parte do que é hoje o Peru a partir de 900 a.C. A cultura Moche, do norte do Peru, utilizava a onça como símbolo de poder em muitas das suas cerâmicas.[14]
Na Mesoamérica, a cultura Olmeca, precoce e influente na região da Costa do Golfo, aproximadamente contemporânea da cultura Chavín, desenvolveu um distinto "homem-jaguar" motivo de esculturas e figuras que mostram onças estilizadas ou seres humanos com características de onça. Na civilização maia, acreditava-se que a onça-pintada facilitava a comunicação entre os vivos e os mortos e protegia a família real. Os maias viam esses felinos poderosos como os seus companheiros no mundo espiritual. Uma série de governantes maias tinham nomes que incorporavam a palavra maia para a onça-pintada, b'alam. A civilização asteca compartilhou essa imagem do jaguar como representante do governador e como guerreiro. Os astecas formaram uma classe de guerreiros de elite conhecidos como guerreiros jaguares. Na mitologia asteca, a onça-pintada foi considerado o animal totêmico do poderoso deus Tezcatlipoca.

Referências

  1. a b Caso, A.; Lopez-Gonzalez, C.; Payan, E.; Eizirik, E.; de Oliveira, T.; Leite-Pitman, R.; Kelly, M. & Valderrama, C. (2008). Panthera onca (em Inglês). IUCN 2011. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN de 2011 Versão 2011.2. Página visitada em 19 de dezembro de 2011.
  2. FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.1 223
  3. FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.1 258
  4. http://www.fflch.usp.br/dlcv/tupi/vocabulario.htm
  5. http://www.fflch.usp.br/dlcv/tupi/vocabulario.htm
  6. FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.336
  7. http://www.filologia.org.br/revista/artigo/7(19)05.htm
  8. http://www.fflch.usp.br/dlcv/tupi/vocabulario.htm
  9. a b SEYMOUR, K.L.. (1989). "Panthera onca" 340: 1-9.
  10. a b Fish and Wildlife Service (12 de julho de 2006). Endangered and Threatened Wildlife and Plants; Determination That Designation of Critical Habitat Is Not Prudent for the Jaguar. Federal Register Environmental Documents. Página visitada em 20 de dezembro de 2011.
  11. EMMONS, L.H.. Neotropical Rainforest Mammals. 2 ed. Chicago: University of Chicago Press, 1997. 168-169 p.
  12. Novak
  13. http://www.divirta-se.uai.com.br/html/sessao_7/2011/01/16/ficha_agitos/id_sessao=7&id_noticia=33522/ficha_agitos.shtml
  14. Katherine Berrin. The Spirit of Ancient Peru: Treasures from the Museo Arqueologico Rafael Larco Herrera. Nova Iorque: Thames and Hudson, 1997. ISBN 978-0-500-01802-6

[editar] Ver também

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